segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Interdependentes

O futebol brasileiro e sua dificuldade de aprender com o futebol europeu.


Não é de hoje que comparamos o futebol da América do Sul com o futebol da Europa, e de fato, essas duas escolas tem características muito diferentes. Na sua essência, o futebol sul-americano é jogado com um pouco mais de ginga, drible, jogadas individuais e correria. Já o futebol europeu, é um futebol com passes mais articulados, cruzamentos, lançamentos geniais, e menos correria. 

Finalização do Borussia na vitória sobre o Arsenal
Sem desmerecer qualquer um dos jeitos de jogar, é óbvio que falta um pouco do futebol europeu no futebol sul-americano e vice-versa. Nos últimos anos, muitos clubes europeus começaram a inovar em sua maneira de jogar. Como é o caso do Borussia Dortmund, da Alemanha, que apareceu como surpresa na última temporada, e nessa temporada vem jogando de maneira inovadora no futebol alemão, a equipe agora está mais rápida, marcando a saída de bola no campo adversário, e sem enrolação. Roubam a bola, correm, dão alguns passes e já chegam para finalizar. 

Pressão do City para retomar a bola contra os Spurs
Outra equipe que atua de maneira parecida é o Manchester City, que pouco deixa o adversário chegar perto de sua área, e conseguem atacar com mais de meio time no campo do oponente, para já pressionar o adversário caso perca a posse de bola e a outra equipe tente buscar um contra-ataque, tanto é que muitas vezes presenciamos placares elásticos nos jogos dessas equipes.


O futebol sul-americano ainda não conseguiu encontrar o elo entre suas origens e a eficiência do futebol europeu. Hoje, o futebol brasileiro busca de maneira chata encontrar esse ponto de equilíbrio. Jogando recuado, e tentando resolver algumas jogadas com lançamentos da defesa para o ataque—que quase nunca dão certo para nós, mas que é uma excelente alternativa no futebol do velho continente, pois ela é trabalhada de um modo diferente por lá. 

A enfâse defensiva marcou o ano do Timão em 2012
O mais próximo que conseguimos chegar de uma "europeização" do nosso futebol foi com o Corinthians em 2012, mas sem o mesmo impacto, ganhando com placares magros e com poucas jogadas criativas e individuais, deixando a essência do futebol brasileiro de lado. E o mais próximo de encontrar o equilíbrio entre Europa e América foi com Santos de 2011, porém, a individualidade se sobressaiu, principalmente pela qualidade de Neymar.

O futebol se tornou o esporte mais jogado no mundo, muito provavelmente, pela sua narratividade aberta. Se formos perceber, o futebol agrega múltiplos registros, estilos diferentes, gêneros narrativos opostos, a ponto de conter vários tipos de jogos dentro de um único jogo. 

Assim como os clubes europeus começaram a fazer, mesmo que de maneira simples, o futebol brasileiro deve encontrar o ponto de equilíbrio entre a correria e os lançamentos, o drible e o cruzamento, para que tenha aquela grande qualidade que um dia tivemos no nosso futebol nacional, seja com treinamentos específicos, seja por meio de técnicos estudiosos que possam introduzir uma nova filosofia, ou seja desde as categorias de base, mas precisamos definir que futebol jogamos: correria inútil, lançamentos errados ou uma interseção entre a ginga e o passe .

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